quarta-feira, 18 de abril de 2007


Minha alma que não é minha


As vezes passamos tanto , mas tanto tempo juntos... e ao mesmo tempo tão.. distantes.

Isso faz com que cada segundo ao teu lado se torne importante, essencial e se torne eterno...

Mas assim como o tempo, guardião da vida, minha alma não me pertence..e sim a minha essência. Essência na qual me guardo, me reservo e me protejo... da saudade que sinto...

Minha alma pertence a outra.. e a outra a mim...Quando não, estou só.. incompleto.. vazio.. frio.

É o calor do teu ser que me faz sentir, que me faz amar, que me faz acreditar... e , viver.

E agora, que não te tenho estou cru... estou nu... estou frio.

Em meu ser, subsiste um clamor,

uma procura incansável da minha alma.. que não é minha..
A.Oliveira

2 comentários:

Anônimo disse...

Lembra nossa conversa sobre rimas, o que é, ou não, um poema? Deixo-te, a propósito, um poema de Alberto Caeiro, um heterónimo de F. Pessoa, tirado do belíssimo, porque de uma simplicidade tremenda, "O guardador de rebanhos":


Não me Importo com as Rimas


Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior
Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se vento...

Isaac disse...

"Em meu ser, só subsiste um clamor,
uma procura incansável da minha alma.. que não é minha.."

Há mais que versos no que li: há sentimento, intensidade, consciência.

A constação singular de que não pertencemos a nós mesmos...